quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Outono e poesia


Como celebração do Outono, das suas cores e dos seus frutos, a Biblioteca relembra alguns poemas em que está presente essa temática. Um dos autores presentes é Ruy Belo:

É triste ir pela vida como quem
regressa e entrar humildemente por engano pela morte dentro
É triste no OUTONO concluir
que era o verão a única estação
Passou o solitário vento e não o conhecemos
e não soubemos ir até ao fundo da verdura
como rios que sabem onde encontrar o mar
e com que pontes com que ruas com que gentes com que montes conviver
através de palavras de uma água para sempre dita
Mas o mais triste é recordar os gestos de amanhã
Triste é comprar castanhas depois da tourada
entre o fumo e o domingo na tarde de novembro
e ter como futuro o asfalto e muita gente
e atrás a vida sem nenhuma infância
revendo tudo isto algum tempo depois
A tarde morre pelos dias fora
É muito triste andar por entre Deus ausente.


Ruy Belo



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